RIMPAC 2012 - O maior exercício naval do planeta |
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Written by Felipe Salles |
Friday, 17 August 2012 11:50 |
RIMPAC 2012 Em sua recente visita ao Brasil o Commander of Naval Operations da US Navy Almirante Greenert aproveitou para convidar formalmente a Marinha do Brasil a enviar um ou mais navios dos seus ao maior exercício multinacional de guerra marítima do mundo, o RIMPAC. Este é um exercício multilateral, bianual que ocorre no Pacífico, sempre ao redor das ilhas havaianas desde 1971. Em julho de 2012 ALIDE foi até Honolulu, quase do outro lado do planeta, para acompanhar essas manobras e entender a evolução e as transformações pelas quais os RIMPAC vêm passando ao longo dos últimos anos.
Uma visão geral do exercício “RIMPAC” é uma sigla que representa a expressão em inglês “Rim of the Pacific”, ou “Orla do Pacífico”, em tradução livre. Trata-se do maior exercício militar do mundo ocorrendo, normalmente, entre os meses de junho e julho dos anos pares. Os navios das nações participantes se concentram na famosa Base Naval de Pearl Harbor a oeste da cidade de Honolulu no Havaí. A única exceção a isto neste ano foram os navios neozelandeses que tiveram que ser acomodados fora da base, no porto comercial de Honolulu. O exercício é organizado e administrado pela Pacific Fleet da USNavy - alojada em Pearl Harbor e além dela conta com a participação do US Marine Corps, da US Coast Guard, e do componente local da National Guard. Esta é uma força militar independente presente em todos os estados americanos e que aqui responde (em tempo de paz) ao governador do estado do Havaí. Adicionalmente os EUA regularmente convidam “forças aliadas” dos países amigos da região do Pacífico (e algumas vezes marinhas da Europa também) para participar. França e Reino Unido justificam suas presenças aqui por terem possessões localizadas no Pacífico. No caso específico francês a fragata Prairial é uma “fragata de patrulha” de quase 3000 toneladas permanentemente alocado à defesa da Polinésia Francesa. A Prairial divide o porto de Papeete no Tahiti com dois navios patrulha de 400 toneladas e com um rebocador oceânico. Outras ilhas como Wallis e Futuna e a Nova Caledônia, onde ficam a fragata Vendemiaire, dois patrulheiros de 400 toneladas e o navio anfíbio leve Jacques Cartier, também fazem com que a Marinha Francesa tenha uma presença constante na região do Pacífico. Os objetivos oficiais do RIMPAC seguem a cartilha que encontramos na justificativa de qualquer exercício militar multinacional: “aumentar a interoperabilidade entre as forças armadas do Pacífico, como um meio de promover a estabilidade na região, para o benefício de todas as nações participantes”. Certo mesmo é que o Pacífico enfrenta vários conflitos potenciais, cujas soluções o Departamento de Defesa (DoD) acredita poderem exigir o engajamento de seu poder naval. Oficialmente, o DoD lista entre os tais “conflitos potenciais” a possibilidade de a República Popular da China invadir Taiwan na eventualidade de uma declaração unilateral de independência; uma agressão norte-coreana à Coréia do Sul, Estados Unidos e/ou Japão; uma escalada na disputa chinesa com vários vizinhos ao sul pela posse das ilhas do Mar da China Meridional e a divergência sino-japonesa pelas ilhas Senkkaku mais ao norte. Outra ameaça importante por sua maior frequência, ainda que seja bem menos militarmente exigente, é a da pirataria verificada na região do Estreito de Málaca entre o Oceano Índico e o Mar da China Meridional.
Um pouco da história e evolução do RIMPAC Diferente da Europa onde existe a OTAN, uma organização permanente militar para a coordenação dos esforços militares a defesa regional da “Orla do Pacífico”“ a defesa regional no Pacífico assume uma estrutura muito mais informal. No entanto seguindo a mesma lógica da mesma maneira comoque ocorre a operação UNITAS no Atlântico Sul a RIMPAC usa de procedimentos baseados nas tradicionais regras operacionais criadas pela OTAN para facilitar a interação entre as marinhas de tantos países distintos. Por isso é de se esperar que uma marinha calejada de participar e de organizar há décadas exercícios UNITAS, como a Marinha do Brasil encontre grande facilidade de participar de uma RIMPAC na sua primeira participação. O RIMPAC inicial foi realizado em 1971 e envolveu apenas militares forcas da Austrália,, Estados Unidos Canadá, que têm participado de todas as edições do RIMPAC e Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido, Estados Unidos. Austrália, Canadá e EUA têm participado de todas as edições do RIMPAC. Na época de sua concepção, o RIMPAC era um exercício anual, tendo ocorrido interruptamente entre os anos de 1971 e 1974, apenas a partir daí é que ele passou a ser bianual. Sua edição seguinte ocorreu em 1976 seguindo nesta frequência até 2012, sua 23ª edição. Outros participantes regulares do exercício são Chile, Colômbia, França, Indonésia, Japão, Malásia, Holanda, Peru, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia e Reino Unido. A Real Marinha Neozelandesa foi uma participante regular até 1985, quando a enorme rejeição popular interna à energia nuclear gerou uma legislação restritiva às visitas por navios de propulsão nuclear ou mesmo apenas carregando armas atômicas. Vários países são regularmente convidados como observadores. Incluem-se neste grupo a própria China (que não foi convidada este ano), Equador, México, Filipinas, Índia e Rússia. Estas duas últimas, inclusive, se tornaram participantes efetivos pela primeira vez agora no exercício de 2012. Apesar de não contribuírem efetivamente com navios, os demais países “observadores” participam do RIMPAC no nível de Comando e Controle e historicamente têm aproveitado a oportunidade para se prepararem para participações efetivas ao longo das edições seguintes. O contingente dos Estados Unidos varia ano a ano, mas vem tendo uma conformação bastante consistentemente. Ele inclui GT de porta-aviões com sua ala aérea completa, submarinos, em torno de uma centena de aeronaves e 20.000 marinheiros, fuzileiros navais, homens da Guarda Costeira e seus respectivos oficiais. O tamanho do exercício varia mais em função dos meios destacados pelos demais países. O navio de assalto anfíbio (LHD) USS Essex foi recentemente substituído pelo USS Bonhomme Richard (LHD-6) na função de principal meio anfíbio avançado da US Navy no Japão. No entanto apenas o navio fooi trocado as tripulação baseado no Japão tomou conta do novo navio enquanto aquela baseada nos EUA assumiu outro navio, levando-o imediatamente de volta para San Diego antes deste ser engajado no RIMPAC 2012. No Havaí, o USS Essex embarcou tropas e veículos americanos e de outros países para a realização da fase anfíbia do exercício.
O RIMPAC 2012 A edição de 2012 do exercício começou no dia 29 de junho e se encerrou no dia 03 de agosto. Os doze primeiros dias, porém, compõem a chamada “Harbor Phase”, comportando as atividades de planejamento e Estado-Maior em terra. Durante essa fase foram realizados também os tradicionalíssimos “RIMPAC Tournaments”, competições esportivas entre os times dos diversos países participantes. Ela incluiu também uma série de ações cívico-sociais direcionadas à população havaiana. A fase de mar propriamente dita se estendeu do dia 10 ao 23 de julho. Foram realizadas não somente operações navais strictu sensu, mas também muitas manobras anfíbias, operações em terra, de mergulho e de contramedidas de minas. A parte de Operações Navais (OPNAV) centrou-se, fundamentalmente, em manobras de guerra anti-aéreaantiaérea (AAW), anti-submarinoantissubmarino (ASW) e Operações de Interdição Marítima (também pela primeira vez em uma edição RIMPAC, surpreendentemente). Houve também operações de busca e resgate (SAR) e de auxílio humanitário, embora elas admitidamente não sejam o foco mais importante aquiobjetivo do exercício. A despeito do foco emdas operações tradicionais do poder naval neste RIMPAC foram realizados muitos exercícios característicos de operações assimétricas como VBSS (“Visit, Board, Search Seizure”) entre os navios de diversas marinhas. Na Marinha do Brasil o VBSS é conhecido como “Grupo de Visita e Inspeção/Guarnição de Presa”(GVI). Um GVI russo do destróier Admiral Panteleyev, transportado pelo seu helicóptero Kamov, inspecionou o cruzador americano Port Royal e o do navio americano inspecionou o rebocador oceânico russo. Encerrado o exercício os três navios russos fizeram ainda uma visita de cortesia na base naval japonesa Maizuru antes de seguir para sua base em Vladisvostok.
O maior exercício naval do planeta Os números do RIMPAC impressionam. Foram 42 navios de superfície, incluindo o porta-aviões USS Nimitz (CVN 68) e outros elementos do Carrier StrikeGroup 11, seis submarinos, um pouco mais de 200 aeronaves e aproximadamente 25 mil militares de 22 países diferentes. O exercício envolveu navios de superfície dos EUA, Canadá, Japão, Austrália, Coréia do Sul, França, Rússia, Cingapura e Chile. As demais manobras incluíram unidades e/ou pessoal de Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, França, Índia, Indonésia, Japão, Malásia, México, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Peru, República da Coreia, República das Filipinas, Rússia, Cingapura, Tailândia, Tonga, Reino Unido e Estados Unidos. A Rússia, como já assinalamos, participou ativamente pela primeira vez, assim como as Filipinas, aparentemente devido a tensões crescentes com a República Popular da China sobre a posse do Atol de Scarborough no Mar Meridional da China. O RIMPAC 2012 marcou também a estréia operacional do Boeing P-8A Poseidon, a nova aeronave de patrulha e guerra antisubmarina da USNavy. Dois P-8A participaram de 24 cenários diferentes do RIMPAC operados por tripulantes do Air Test and Evaluation Squadron One (VX-1). Como o nome sugere, ele é dedicado ao teste e avaliação de novas aeronaves. A sede desse esquadrão durante o exercício foi a Base dos Fuzileiros Navais no Havaí, situada em KaneoheBay no extremo leste da ilha de Oahu. A edição desse ano inovou também em outro campo. Foi a primeira vez que oficias-generais não estadunidenses chefiaram componentes operacionais multinacionais. Foi o caso do General Michael Hood, da Royal Canadian Air Force, que chefiou todo o componente aéreo do exercício; e do Comodoro Stuart Mayer, da Royal AustralianNavy¸ que chefiou seu componente marítimo.
O Japão no RIMPAC 2012 Essa foi a 17ª participação do Japão em um RIMPAC. O contingente mobilizado foi de quase 1.000 militares incluindo um destróier AEGIS da classe Kongo, o JS Myoko (DDG-175) e o destróier JS Shirane (DDH-143). Este último navio foi colocado em serviço na JMSDF-Marinha Japonesa- no ano de 1980 é esperado que ele seja retirado de serviço em 2014. Foi bastante interessante observar o grande número de jornalistas japoneses – aproximadamente 30 – cobrindo o exercício . O oque, como é de se esperar, deixou o Escritório de Relações Públicas da delegação japonesa bastante ocupado. Ainda em Pearl Harbor ALIDE teve a oportunidade de visitar o terceiro navio japonês, o JS Bungo (MST-464), um navio bastante interessante e incomum. Comissionado em 23 de julho de 1998, o Bungo é o segundo navio da classe Uraga. Esta é uma classe de “Minesweeping Tenders”, isto é, navios varredores capacitados para oferecer apoio logístico, ainda que limitado, a outros navios de uma força tarefa. Esta configuração particular faz sentido dentro das necessidades especiais da Marinha Japonesa. Devido às limitações impostas após a derrota na II Guerra (assim como de uma série de fatores políticos internos e de opções de política externa) o Japão optou por não visar aà possibilidade de operar muito além de sua própria costa. Isso lhe permitiu dispensar a necessidade de operar grandes navios de apoio logístico. O Estado-Maior de suas forças de defesa concluiu que - dentro do geograficamente limitado raio de operações em que sua esquadra deveria operar - faria mais sentido ter um varredor (as minas seriam um dos principais obstáculos no teatro de operações marítimo tanto em um hipotético conflito com a Coréia do Norte quanto com a China) capacitado a remuniciarmuniciar de armamentos e víveres seus demais navios. ALIDE pode visitar brevemente essa curiosa plataforma mista. Nossos leitores podem conferir neste artigo as fotos que tiramos deste navio. Suas características técnicas são: 5.700 toneladas de deslocamento; 139,9 metros de comprimento; 21,6 de boca; e 5,31 de calado. Sua propulsão é do tipo CODAD (combinada Diesel e Diesel), com velocidade máxima de 22 nós. O Bungo possui um canhão de 76mm, uma tripulação de 129 militares e toda a indumentária necessária à detecção e desativação de minas.
Disparando armas de verdade e três “Sinkex” Um dos grandes atrativos do RIMPAC é que ele não é um exercício apenas virtual. dentro de sua programação normalmente existe um grande número de exercícios de lançamento real de mísseis (“live-fire exercise”) desde os navios e das aeronaves participantes. Na região ao redor das ilhas havaianas existem polígonos especiais de tiro como o Pacific Missile Range FacilityBarkingSounds onde todo o trafego civil deve se manter à distancia. Vários mísseis anti aéreos foram lançados pelos navios participantes como o destróeierArleigh Burke USS Paul Hamilton (DDG 60) que no dia 13 de julho de 2012 disparou um míssil Standard SM-2 durante um exercício. A fragata australiana HMAS Perth uma ANZAC/MEKO 200, recentemente modernizada com a inclusão dos novos radares CEAFAR e designadores CEAMOUNT, pode disparar com pleno sucesso dois mísseis Enhanced Sea Sparrow Missile ESSM simultaneamente contra dois alvos aéreos em voo. No ano de 2012 três antigos navios da USNavy fora usados como alvos para exercícios de afundamento, os famosos “Sinkex”. O primeiro navio a ser sacrificado desta forma foi o navio de transporte de armamento da classe Marsex-USSNiagara Falls (AFS–3) O submarino canadense HMCS Victoria afundou o ex-USNS Concord (T-AFS-5). Alguns dias depois foi a vez do submarino australiano HMAS Farncomb mandar para as profundezas outro Mars, o ex-USNSKilauea (T-AE-26). A experiência profissional de participar de um Sinkex real é única e rara na carreira de qualquer marinheiro, e apenas a gigantesca frota de navios aposentados da USNavy poderia permitir a ocorrência de três destes eventos num único exercício. Para o máximo aproveitamento desta oportunidade o bombardeio contra os cascos dos velhos navios começa com tiros de metralhadora e de canhão, progredindo em seguida para mísseis bombas guiadas e ao final um torpedo pesado lançado por um navio. Antes de poderem ser afundados no mar aberto estes navios passam por um cuidadoso programa para remover todo e qualquer contaminante presente no seu interior. A sociedade americana não aceita que exercícios como este causem situações de risco de poluição marinha. Inclusive, antes do RIMPAC 2012 houve um período de moratória deste tipo de exercício que durou cerca de dois anos. Anteriormente existiu um outro programa de afundamento de navios militares redundantes que visava unicamente a formação de recifes artificiais para acelerar o desenvolvimento da população de peixes e vida marinha em um ponto da costa americana. Neste caso é normal que os navios sejam afundados com o uso de cargas de explosivo e não com mísseis bombas e torpedos. Mas, na exata contra-mão disso, a US Navy anda tendo cada dia mais dificuldades de se livrar de seus navios inservíveis desta forma. Lutando arduamente contra a realização destes afundamentos intencionais estão algumas poderosas ONGs ambientalistas que recorrem ao judiciário norte-americano para interromper esta prática antes que a Environmental Protection Agency, o IBAMA dos EUA, estabeleça uma política muito mais restritiva ainda para o processo de “desintoxicação” dos navios veteranos.
Um exercício naval “pop” Os navios do exercício de 2012 foi usadoforam usados como cenário do filme-catástrofe "Battleship", ambientado justamente no RIMPAC 2012. Não deixa de ser bastante interessante a leitura que alguns cientistas políticos fizeram do roteiro deste filme. Ali EUA e Japão são levados a uma aproximação militar muito forte em função da necessidade de combaterem um inimigo extraterrestre, tema que, naturalmente, acabou sendo implicitamente associado à cada vez mais poderosa China. Essa interpretação ganha uma credibilidade bastante razoável à luz de três fatos recentes: expansão das ambições navais chinesas (que há cinco séculos voluntariamente se limitava a ser uma potência terrestre), da reorientação do interesse norte-americano para o Pacífico (o “pivô estratégico” - terminologia do Department of Defense - DoD) e finalmente das cada vez mais das altercações entre Japão e China em torno das ilhas Senkkaku.
“Esse não é um exercício ‘anti-China’”: uma perspectiva geopolítica Muito foi dito e debatido pela imprensa em geral ao longo do RIMPAC deste ano. Em grande parte porque a Defense Strategic Guidance de 2012, documento estratégico do governo dos EUA publicado em janeiro, estabelece claramente que será o Pacífico, e não mais o Oriente Médio, o centro – o “pivô” – dos interesses americanos. Muita especulação foi feita, e em seguida negada por fontes oficiais, sobre o fato de a edição deste ano ser um treinamento preparatório para a eventualidade de um conflito com a China. Um dos motivos que aponta nesta direção é o fato de que grande parte das manobras realizadas durante a fase de mar foi de guerra antisubmarinaantissubmarino. A atividade de ASW é uma das mais complexas da guerra naval, talvez, a mais complexa, caso a pergunta seja feita àa um operador de sonar. Ela exige uma conjugação ímpar de meios aéreos, de superfície e submarinos. É necessário que uma vasta rede de sensores (e operadores humanos bem treinados) operando a partir de diferentes plataformas nesses três ambientes estabeleçamestabeleça uma comunicação eficaz entre si e com sistemas de armas igualmente complexos. “Os navios e tripulações que engajaram no RIMPAC não desenvolvem apenas a habilidade de caçar submarinos”, segundo o Comodoro Stuart Mayer, “eles criam também relações que permitem que eles se comuniquem de forma eficaz e eficiente em um contexto antisubmarinoantissubmarino”. Nos últimos anos os chineses seguiram no desenvolvimento, no aperfeiçoamento e na expansão numérica tanto sua frota de submarinos convencionais quanto na dos nucleares. A despeito disso quase toda a recente atenção norte-americana parece ter ficado concentrada nos seus mísseis balísticos anti porta-aviões. Apenas agora os Aliados começaram a dar mais atenção á ameaça representada pelos SSBNs (submarinos lançadores de mísseis balísticos nucleares) e dos submarinos nucleares de ataque e convencionais da China. Robert Farley, conhecido comentarista da revista “The Diplomat”, assinala que os submarinos chineses têm “brincado” com a US Navy jogos que lembram de maneira inequívoca várias manobras praticadas durante o RIMPAC 2012. Ele se refere, claro, ao episódio que um submarino chinês se infiltrou no interior de um CSG americano que se encontrava estava em deploymen tno Pacífico. Ele emergiu ao lado da capitânia do grupo, emitiu uma saudação e depois submergiu novamente. É demais sugerir que os EUA e seus aliados pretendem construir no Pacífico um esforço antisubmarinoantissubmarino semelhante ao elaborado no Mar do Norte durante a Guerra Fria. Também parece demais dizer que o RIMPAC 2012 foi unicamente um exercício “anti-china”. Ele é muito maior e mais complexo do que isso. Mas é claro também que o poderio militar chinês não é subestimado e que os Estados Unidos consideram essencial manter-se qualificado para combater uma guerra convencional contra a Marinha do Exército Popular da China. Há um evidente desejo em não indispor desnecessariamente as duas partes. Não podemos ignorar, todavia, a elusiva resposta do CMG Charlie Brown, RP da 3rd Fleet, quando inquirido sobre o porquê de a China não ter sido convidada a ser observadora no RIMPAC deste ano, quando já o foi em ocasiões anteriores: “Algumas novas proibições estão em voga no que tange ao acesso da China a operações militares dos EUA”. Contrariamente a todas estas garantias dos organizadores, é interessante notar que a solicitação de ALIDE para acompanhar a bordo a fase final do exercício onde os navios seriam divididos em dois grupos para se confrontarem o tradicional "freeplay", foi recusada por razões de "sigilo operacional". Nenhum representante da imprensa pode acompanhar o "freeplay" desta vez.
A Great Green Fleet O RIMPAC 2012 serviu também para testar um novo conceito. A USNavy apresentou a idéiaideia de uma “Great Green Fleet”, a esquadra movida a combustível oriundo de fontes de energia renováveis. Para tanto, ela adquiriu 450.000 galões de uma variedade específica de biodiesel, a maior compra individual de biocombustível na história, com um custo de US$ 12 milhões. No dia 17 de julho, o navio tanque USNS Henry J. Kaiser (T-AO-187) transferiu 900 mil galões (3,4 milhões de litros) de biocombustível e de combustível tradicional (à base de petróleo) para o Carrier Strike Group 11. Embora o CSG 11 tenha recebido combustível em proporções equânimes, o biodiesel representou menos de 40% de todo o combustível usado durante o RIMPAC 2012. Olhando praticamente a Green Fleet deve estar ainda longe de se materializar, especialmente pelo fato deste novo combustível custar 13 dólares o galão, contra apenas 4 dólares do tradicional derivado de petróleo. A crise econômica, os cortes orçamentários e o risco do “sequestration” fiscal só pioram esta perspectiva. Em breve publicaremos mais um artigo específico sobre os outros navios em que ALIDE embarcou no RIMPAC: o destróier canadense Algonquin e a fragata australiana Darwin. Aguardem!
A seguir está uma listagem dos países participantes do RIMPAC 2012, destacando quais meios cada um engajou no exercício.
Austrália HMAS Darwin (FFG 04) (Fragata) HMAS Perth (FFH 157) (Fragata) HMAS Farncomb (SSG 74) (Submarino Diesel-Elétrico Veículo submarino Destacamento de desativação de material explosivo Destacamento de desminagem Sikorsky S-70B-2 Seahawk Lockheed AP-3C Orion Boeing E-7A Wedgetail Companhia de infantaria Canadá HMCS Algonquin (DDG 283) (Destróier) HMCS Ottawa (FFH 341) (Fragata) HMCS Victoria (SSK 876) (Submarino Diesel-Elétrico) HMCS Yellowknife (MM 706) (Patrulheiro costeiro) HMCS Saskatoon (MM 709) (Patrulheiro costeiro) HMCS Brandon (MM 710) (Patrulheiro costeiro) Fleetdivingunit (EOD & MIW) Lockheed CP-140 Aurora Boeing CF-18 Hornet Sikorsky S-61 Sikorsky CH-124A Sea King Airbus KC-150T Polaris Lockheed KC-130T Hercules Companhia de infantaria
Chile CS Almirante Lynch (FF-07) (Fragata) Eurocopter Dauphin AS365Fi Mergulhadores para operações de desminagem Cingapura RSS Formidable (68) (Fragata) S-70B Seahawk
Colômbia Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Coréia do Sul ROKS Nae Dyong (SS 069) (Submarino Diesel Elétrico) ROKS Yulgok Yi-I (DDG 992) (Destróier AEGIS) ROKS Choi Young (DDH 981) (Destróier) Westland Super Lynx Mk.99 Lockheed P-3C Orion Pelotão de infantaria
Estados Unidos USS Charlotte (SSN 776) (Submarino nuclear de ataque) USS Cheyenne (SSN 773) (Submarino nuclear de ataque) USS North Carolina (SSN 777) (Submarino nuclear de ataque) USS Nimitz (CVN 68) (Navio Aeródromo de propulsão nuclear) USS Essex (LHD 2) (Navio de Assalto Anfíbio) USS Lake Erie (CG 70) (Cruzador) USS Princeton (CG 59) (Cruzador) USS Chosin (CG 65) (Cruzador) USS Chafee (DDG 90) (Destróier) USS Port Royal (CG 73) (Cruzador) USS ChungHoon (DDG 93) (Destróier) USS Paul Hamilton (DDG 60) (Destróier) USS Crommelin (FFG 37) (Fragata) USS Gary (FFG 51) (Fragata) USS Reuben James (FFG 57) (Fragata) USS Stockdale (DDG 106) (Destróier) USS Higgins (DDG 76) (Destróier) USNS Yukon (TAO 202) (Navio Tanque) USNS Henry J. Kaiser (TAO 187) (Navio Tanque) USNS Matthew Perry (T-AKE 9) (Navio de carga seca) USNS Salvor (T-ARS 52) (Navio de Resgate) USCGC Bertholf (WMSL 750) (Cutter – Patrulheiro) Veículo submarino não tripulado Unidade de desativação de artefatos explosivos Sikorsky MH-60R Seahawk Sikorsky MH-60B Seahawk Sikorsky MH-60S Seahawk Sikorsky MH-53 PaveLow Boeing F/A-18/C/E/F Hornet Grumman E-2C Hawkeye Grumman EA-6B Prowler Grumman C-2A Greyhound Boeing P-8A Poseidon Lockheed P-3/C Orion Sikorsky CH-53E SuperStallion Comando de unidades de logística de combate Boeing F/A-18D Hornet Bell AH-1W Super Cobra Bell UH-1Y Venom Lockheed KC-130 Hercules Boeing C-17 Globemaster III Boeing B-52 Stratofortress Boeing KC-135R Stratotanker Boeing E-3B/C Sentry Republic A-10 Thunderbolt II Lockheed F-16 Fighting Falcon Boeing F-15C Eagle Sikorsky HH-60G PaveHawk Boeing KC-707
Filipinas Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
França FS Prairial (F 731) (Fragata de patrulha)
Holanda Unidade de mergulhadores da esquadra
Índia Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Indonésia Pelotão de infantaria
Japão JS Myoko (DDG-175) (Destróier AEGIS) JS Shirane (DDH-143) (Destróier) JS Bungo (MST-464) 3 Sikorsky SH-60J Seahawk 3 Lockheed P-3C Orion
Malásia Pelotão de infantaria
México ARM Usumacinta (A-412) Mi-17 Hip Pelotão de infantaria
Noruega Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Nova Zelândia HMNZS Endeavour (A11) (Navio Tanque) HMNZS Te Kaha (F77) (Fragata) Time de contramedidas de minas Veículo submarino Time de mergulho operacional Kaman SH-2G Super Seasprite (Helicóptero antissubmarino) Lockheed P-3K Orion (Avião de Patrulha Marítima) Pelotão de infantaria
Perú Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Reino Unido Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Rússia RFS AdmiralPanteleyev (BPK 548) (Destróier) RFS Fotiy Krylov (Rebocador oceânico de resgate) RSF Boris Butoma ( Navio Tanque)
Tailândia Oficiais componentes do Estado-Maior Combinado
Tonga Pelotão de infantaria
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Last Updated on Wednesday, 26 March 2014 17:16 |