Museu Eduardo André Matarazzo |
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Wednesday, 16 April 2008 08:47 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
![]() Todas as fotos são de autoria de Hélio Higuchi- é expressamente proibida a reprodução sem autorização por escrito.
Localizado na pequena e pacata cidade de Bebedouro, norte do Estado de São Paulo, o Museu Eduardo André Matarazzo, Armas, Veículos e Máquinas , foi fundado em 1968, pelo empresário paulistano Eduardo André Matarazzo, com o nome de Museu de Veículos Motorizados Antigos. Este museu foi criado inicialmente em 1964, na cidade de São Paulo e posteriormente transferido para o atual endereço. Com o falecimento do Sr. Matarazzo, em 2002, o nome do museu foi mudado em uma justa homenagem.
Hoje a maior parte do acervo pertence à família Matarazzo, exceção a alguns poucos veículos que lá estão em regime de comodato. O prédio do museu pertence à Prefeitura do município de Bebedouro, que é responsável por toda a infra-estrutura, enquanto que o acervo é preservado pela família Matarazzo.
A maioria dos itens em exposição na parte externa, principalmente as aeronaves e algumas locomotivas, necessitam de uma recuperação urgente, entretanto devido a falta de recursos isto pode demorar. Há alguns anos, na tentativa de restauro retiraram a pintura de alguns aviões, perdendo com isto sua identidade e, conseqüentemente, parte de sua história. Atualmente seu acervo está composto por: EQUIPAMENTOS MILITARES • Caminhão Chevrolet/Ford C-15 : Fabricado no Canadá e muito utilizado na Segunda Guerra pelos aliados. Foi adquirido em grande quantidade pelo exército argentino no final do conflito; • Caminhão Mercedes-Benz UNIMOG 404 1957 : Este veículo é utilizado por vários exércitos sul-americanos entre eles a Argentina e o Peru. • Canhão 5 polegadas Mk 42-2 1942 ; • Canhão antiaéreo Krupp 88mm C-56 (FlaK 18) : canhão antiaéreo fabricado pela Fried Krupp, em Essen, em 1939. 68 foram encomendados pelo Exército Brasileiro porem, devido à guerra, somente 28 foram entregues em 1941; • Carro de Combate Renault FT modelo 1917 com torre Berliet : Fabricado pela Delaunay-Belleville em 1921. O Exército Brasileiro adquiriu 12 desses veículos, sendo 6 deles com torre Berliet (Fundida) e equipado com um canhão Puteaux de 37mm, 5 com torre Renault (rebitada) e equipado com uma metralhadora Hotchkiss de calibre 7mm e uma versão desarmada para Telegrafia Sem Fio (TSF). O modelo do museu esta sem o canhão original; • Jipe Anfíbio Ford GPA 1942 : matrícula EB 23-022 com marcações 2° R Rec Mec, de Porto Alegre (RS); • Jipe Dodge Commando ¾ Ton 4X4 WC-57 ; • Trator Minneapolis Moline GTX-147 6x6 1942 : matrícula EB 30-086 com marcações do 1º/5º GAC. Este é um veículo extremamente raro, pois só foram construídos 100 exemplares, incluindo 1 protótipo, e 99 foram vendidos ao Exército Brasileiro. O veículo do museu é o único no mundo que se tem conhecimento; • Holofote Searchlight GE 47993 ; • Lança-chamas Swing Fog tipo 6157 ; • Lançador de torpedo, Torpedo e Mina Naval.
AERONAVES: • Beech C-45: matrícula FAB 2850, utilizado como transporte orgânico das unidades da FAB até a década de 70 quando foram substituídos pelos EMBRAER Bandeirante. Com capacidade para 2 tripulantes + 5 passageiros possuía o apelido de “ Mata Sete ”, devido a grande quantidade de acidentes com essa aeronave; • Cia Aeronáutica Paulista CAP-4 Paulistinha: c/n 378, matrícula PP-RXI, sendo matriculado em 16/02/1948. • Convair 240-2: c/n 67, PP-VDG da VARIG. Ex-N90666 da Pan American, Northeast Airlines. Desativado operacionalmente em 1968, entretanto, foi mantido no hangar do aeroporto de Congonhas para treinamento de comissários até 1976, quando foi doado ao museu; • Curtiss C-46A Commando: c/n 30656 PP-VCE da Arruda. Essa aeronave primeiramente pertenceu a USAF com matrícula AAF 42-101201, depois foi transferida para um operador civil do México com matrícula XB-JAP e, finalmente, ela veio para o Brasil para voar nas cores da Varig. Só depois é que foi transferida para a Arruda. • Douglas DC-3: c/n 15378/26823, PP-VBK da VARIG. Ex-AAF 43-49562. Voou pela VARIG até 18/06/1970;
• Douglas DC-6A: c/n45528. PP-LFB da VASP. Este avião foi adquirido inicialmente pela Loide Aéreo Nacional, em 1957, e arrendado, de 1958 a 1961, pela Panair do Brasil que utilizou como avião de carga e o batizou “ Francisco Dias de Ávila ”. Quando retornou ao Loide Aéreo Nacional, foi configurado para transporte de passageiros e rebatizado de “ São Paulo ”. Em 1962, foi transferido para a VASP e utilizado até 1974, onde foi adotando a sigla DC- 6C , com configuração luxo que incluía uma sala de estar na parte traseira (a VARIG possuía o DC-6B). Receberam o apelido de “ Ursos Roncadores ” pelo barulho que os seus motores faziam quando atravessavam uma turbulência; • Fairchild PT-19: c/n 260-A, com matricula PP-GAY; • Gloster Meteor F-8: c/n G5-453704, matrícula FAB 4409. Ostenta a pintura “ ovo estrelado ” em azul, da Base Aérea de Santa Cruz/RJ, com bolacha do PAMA-SP. A fuselagem foi descarregada pela FAB em 03/08/1967, sendo que a bolacha do PAMA-SP foi aplicada após a descarga, provavelmente para exposição estática.
• Gloster Meteor F-8: c/n G5-453798, matrícula FAB 4442. Ostenta a pintura “ ovo estrelado ” em vermelho, também da Base Aérea de Santa Cruz/RJ. Foi descarregado em 11/12/1967; • Henrique Lage HL-1: c/n B-39, matrícula PP-TVX. Distribuído pelo DAC para o Aeroclube de Catanduva em 26/12/1942; • Lockheed 18-56 Lodestar: matrícula PT-CGV. Chegou ao Brasil ostentando matrícula civil paraguaia ZP-CBU. Foi adquirido por Antonio Silmo Laginestra de Arruda, fundador da ARRUDA, que faleceu num acidente de um Constellation de sua propriedade, que fazia transporte de carne na Amazônia. Este avião portava as cores da ARRUDA quando foi incorporado ao museu; • Lockheed T-33A: matrícula FAB4323. A FAB utilizou 56 desses aviões, de 1956 a 1975;
• North American AT-6D Texan: c/n 121-41713 matrícula FAB 1339. Serviu em Natal e Fortaleza, terminando a sua carreira na Esquadrilha da Esquadrilha da Fumaça em 24/12/1966; • North American AT-6G Texan: matrícula FAB desconhecida, pois a pintura deste avião foi toda retirada impossibilitando a nossa identificação; • North American B-25J Mitchell: c/n 44-29500 FAB 5070. Fabricado em Dallas, Texas, e entregue entre setembro/outubro de 1944 pela requisição de Lend-lease Project RFDA B-906-A5 , que liberou 21 B-25J e foram recebidos pela FAB em 1944, sendo que vieram voando com pilotos estadunidenses. Uma curiosidade sobre estas aeronaves é o fato de que 4 deles (7 segundo outras fontes) foram entregues com o então moderníssimo visor de bombardeio Norden. Os EUA, percebendo o equívoco, pois se tratava de um equipamento altamente secreto, requisitaram a devolução dos mesmos. Este avião antes de ser arrematado pelo fundador do museu, era utilizado como célula de instrução na Escola de Especialistas da Aeronáutica em Guaratinguetá/SP. Um total de 96 vieram pra FAB;
• Rearwin 9000 Sportster: c/n 606D, matriculado PP-TEE em 19/09/1938, como propriedade de Petrônio Almeida Magalhães e operou originariamente sobre flutuadores no Fluminense Yatch Club (atual Iate Clube do RJ ); • SAAB 90A Scandia : c/n 90-115, matrícula PP-SQR da VASP. Todos os aviões Scandia produzidos pela fábrica sueca SAAB acabaram sendo operados pela VASP. Este é sem dúvida o objeto mais precioso do museu, e foi palco de muito assédio de interessados para adquirir este avião. Comentou-se uma época que a fábrica SAAB teria oferecido construir um hospital na cidade de Bebedouro em sua troca, bem como uma eventual transferência ao MUSAL; • Vickers Viscount 701 : Era o c/n 64 e teve seu primeiro vôo em 24/04/1955, como G-ANHD da BEA. Foi adquirido pela VASP, como PP-SRO, em 24/04/1963 e desativado em 28/02/1969, com 24.369 horas de vôo; • Westland/Sikorsky S-51 Dragonfly : c/n WAH-30. Adquirido em 23/02/1959 pela TV Record. Era pintado de amarelo canário e ostentava o logotipo da emissora de TV na lateral. Posteriormente foi adquirido pela família Andraus, sendo utilizado pela Incorporadora VARAM, para oferecer vôos turísticos durante as vendas do loteamento da Cidade Ocian no município litorâneo de Praia Grande-SP. AUTOMÓVEIS:
Dentre os automóveis preservados existe um destaque: o motor de um Tucker Torpedo. Este veículo foi projetado pela fábrica Tucker, logo após a II Guerra Mundial, e foi um dos automóveis mais revolucionários da época, possuindo itens de segurança tais como cintos de segurança, carroceria deformável em caso de colisão, que foram adotados somente no final do século XX. Além disto, possuía um farol no centro da parte dianteira que virava de acordo com o volante (item adotado nos anos 70 por alguns veículos da linha Citroën), e um motor traseiro de helicóptero. Preston Tucker, o proprietário da fábrica, após a falência de sua fábrica, tentou uma ultima tentativa, atraído pela noticia de que o Brasil estaria interessado em implantar uma indústria automobilística, veio para cá e abriu um escritório no Rio de Janeiro. Trouxe um projeto de um veículo nacional chamado “Carioca”. Conta-se que ele teria tentado várias vezes agendar uma audiência com o então Presidente Juscelino Kubitcheck, porém este informado pelos assessores do histórico mal sucedido do industrial, não chegou a atendê-lo. Preston Tucker quando veio para o Brasil trouxe um dos Torpedo para demonstração, mas acometido por um câncer no pulmão, veio a falecer em 1956. Existem relatos de que o “Torpedo” foi rifado na Praça da Sé em São Paulo , e por muitos anos foi visto estacionado na Rua Piratininga no bairro do Brás, na época um reduto de lojas de autopeças e desmanches. Após a morte de Preston Tucker este “Torpedo” teve os seguintes proprietários: Agop Toulekian, Orlando Bombarda e Eduardo Matarazzo. Por alguma razão Eduardo Matarazzo vendeu esta preciosidade ao colecionador Roberto Lee, entretanto sem o motor que está preservado no museu. Roberto Lee foi proprietário de um famoso museu de automóveis em Caçapava (SP), que com a sua morte (foi assassinado pela sua companheira Elza Lionneti do Amaral) ficou em estado de abandono. O Tucker Torpedo por incrível que pareça ainda permanece neste museu, e acredita-se que seja o último fabricado (de uma série de 51 automóveis).
GUIA DO VISITANTE Museu Eduardo André Matarazzo Praça Santos Dumont, s/n - Bebedouro – SP Telefone (17) 3342-2255 http://www.museueduardoamatarazzo.com.br/ Horário de Funcionamento: de Quinta a Domingo das 9:00 às 17:00 hs. Entrada: R$ 5,00 (cinco reais) Como chegar lá : Bebedouro fica, por rodovia, a 420 km da cidade de São Paulo, e é servido por ônibus pela Viação Cometa. De automóvel, saindo de São Paulo, utiliza-se a Rodovia dos Bandeirantes, Rodovia Washington Luis e Rodovia Faria Lima no km 380. Recomenda-se ir prevenido a pagar os 8 pedágios existentes tanto na ida como na volta, bem como dos inúmeros radares existentes cuja velocidade máxima permitida varia de 100 a 120km por hora. Para quem optar ir por avião, a cidade mais próxima servida por vôos regulares é Ribeirão Preto, a 80 km de distancia de Bebedouro. AVISO IMPORTANTE Não é permitido tirar fotos dentro do museu. Para quem desejar recomendamos solicitar uma autorização previa à direção do museu. BIBLIOGRAFIA ALAMINO, Aparecido Camazano. A história pictorial das aeronaves da Força Aérea Brasileira – North American B-25 Mitchell . São Paulo: Revista C&R Editorial, Revista ASAS Nº 40, 2007. LOPES, Guilherme. Tucker - O final real, não o "alternativo" . Blog AUTO DIÁRIO, http://autodiario.blogspot.com/2007/01/tucker-o-final-real-no-o-alternativo.html , Último acesso em 09 de março de 2008. HAGEDORN, Daniel Latin Mitchells – North American B-25s in South America . Inglaterra :Revista Key Publishing Ltd., Revista Air Enthusiast Nº106, julho/agosto 2003 FLAP INTERNACIONAL, revista. Aviação a Pistão no Brasil de 1943 a 1974 . São Paulo: Spagat, 1998. MANCHE, fanzine. Edições Nº1 (abril/75), Nº3 (ago/75), Nº4 (out/75), Nº5 (dez 75), Nº12 (fev77) e Nº13 (abr/77). Várias informações veiculadas por Denir de Camargo Lima e Paulo Fernando Laux. AGRADECIMENTOS Agradecemos as pessoas abaixo mencionadas, que nos auxiliaram a pesquisa dos itens preservados no Museu: • Aparecido Camazano Alamino , pesquisador da aviação militar brasileira; • Carlos Eugenio Dufriche , pesquisador da aviação brasileira; • Patrícia Matarazzo , Diretora do Museu Eduardo André Matarazzo; |