USS Mesa Verde: um "Jacaré" Stealth |
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Written by Felipe Salles | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Friday, 10 July 2009 02:16 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
O USS Mesa Verde, a nau capitânia do exercício UNITAS GOLD, é um dos imponentes navios da classe San Antonio, um dos maiores programas de construção naval atualmente em curso na Marinha dos EUA.
A Classe San Antônio O programa foi iniciado em 17 de dezembro de 1996, com a perspectiva de construção de um total de doze unidades. Estes navios deveriam substituir um total de 41 navios das classes LPD 4, LSD 36, LKA 113, e LST 1179. As duas últimas destas classes, no entanto, já se encontram fora do serviço ativo. Em termos orçamentários até agora, apenas foi garantido o orçamento para a aquisição de dez navios desta classe. Os LPDs da classe San Antônio foram projetados desde o início para serem plataformas marítimas permanentemente interligadas por redes de dados táticos digitais (datalinks), que são capazes de resistir a ataques inimigos (mísseis, torpedos e minas) e que possam operar todos os três sistemas de desembarque americanos do século XXI: o tiltrotor MV-22 Osprey, o blindado Expeditionary Fighting Vehicle (EFV) e os hovercrafts LCAC. Cada San Antônio desloca 25.000 toneladas. Esta é uma classe bem grande, tendo em vista que o nosso NAe São Paulo desloca 32.000 toneladas e o NDD Ceará, plenamente carregado não passa de 12.150 toneladas. Os navios desta classe medem 208 metros de comprimento, e 32 metros de boca. Seu calado (totalmente carregado), no entanto, é de apenas sete metros. Sua principal tarefa é conduzir e lançar as unidades de combate e de apoio das Unidades e Brigadas Expedicionárias dos Marines (Marine Expeditionary Units/Brigades). Cada navio deste transporta até 699 oficiais e praças fuzileiros que serão levados até a cabeça de praia nos seus hovercrafts orgânicos, os LCAC; ou nas embarcações tradicionais de desembarque, ou, ainda, nos blindados anfíbios EFV e helicópteros e tiltrotors. Esta classe permite a realização de ataque anfíbio, operações especiais ou ações de Guerra expedicionária por toda primeira metade do século XXI. Os LPDs e os LSDs dentro de um Expeditionary Strike Group da US Navy A grosso modo, dentro das Esquadras, a Marinha americana distribui seus meios aeronavais operacionais em grandes organizações chamadas de “Strike Groups”, ou “Grupos de Ataque” em português. Existem os “CSG”s, centrados nos de Navios Aeródromos e os “ESG” que são montados em torno de navios de desembarque anfíbio com os LHA e LHDs das classes Tarawa e Wasp. Estes navios são dedicados às operações aéreas, especialmente aos Harriers dos Fuzileiros Navais, enquanto ao seu redor, os LPD e LSDs transportam as tropas e seu armamento e veículos. Devido à sua velocidade, durante o desembarque os LCACs deixam homens e veículos na praia e voltam repetidamente aos diversos LPDs e LSDs para receber mais gente e carga. Todos os ESG da US Navy deve ter no mínimo seis ou sete LCACs distribuídos entre os seus navios de transporte doca. O quadro técnico abaixo visa explicar e quantificar as principais diferenças e semelhanças entre os diversos navios anfíbios em uso atualmente na US Navy.
Olhando os dados acima fica claro que estas classes tendem a se complementar, adicionando mais de um modelo do que de outro ao Expeditionary Task Group, modifica-se automaticamente as capacidades disponíveis e o perfil da Força de Desembarque. Os navios da Classe San Antonio Esta classe foi totalmente construída pela corporação Northrop Grumman, parte no estaleiro Ingalls e o resto no de Avondale. Ambas as localidades ficam na costa do Golfo do México, no sul dos Estados Unidos. Após o ataque terrorista de 11 de setembro o Governador do estado de Nova Iorque pediu à Marinha que um navio participante da “Guerra ao Terror” recebesse o nome “Nova Iorque” e a despeito da tradição indicar que apenas submarinos são batizado com os nomes dos estados americanos, foi anunciado em 28 de agosto de 2002 que o LPD-21 levaria este nome. Posteriormente, para manter a coerência homenageando os mortos nos ataques deste dia, o LPD-24 recebeu o nome de Arlington, condado onde se localiza o Pentágono, e o LPD-25 virou Somerset, em homenagem ao condado onde finalmente caiu o 757 da American Airlines que os terroristas desejavam arremessar contra o Capitólio, na capital americana. “Pennant” Nome Estaleiro Batimento Lançamento Comiss Nota
*Obs.: Devido a persistentes problemas de qualidade na sua construção, este casco foi, por ordem da US Navy, transferido para o Estaleiro Ingalls, para corrigir os defeitos identificados e para a conclusão da construção. Tecnologia Stealth aplicada em navios de grande porte Uma das características dominantes da nova classe é o design furtivo (stealth) de sua superestrutura e casco. Seguindo a tendência já indicada anteriormente pelos destróieres da Classe Arleigh Burke, a nova classe de LPDs é obviamente dominada por painéis lisos e chatos, evitando as tradicionais superestruturas cheias de cavidades e protuberâncias que geram poderosos ecos de radar para as aeronaves e navios inimigos. O Comandante Jefferson, que comandava o GT brasileiro na Unitas Gold, disse a ALIDE que “o Mesa Verde, a despeito de seu imenso tamanho tinha uma eco radar semelhante ao de uma fragata muito menor do que ele. Embora isso, naturalmente, não impeça a descoberta do navio no mar, esta caracteristica dificulta, ou atrasa, a sua identificação como um dos “Alvos de Maior Valor” do Grupo Tarefa”. As laterais da superestrutura tocam o lado exterior do casco fazendo com que todos os corredores acabem sendo internos. A US Navy descobriu que uma das áreas que mais produziam ecos de radar nos navios era justamente o mastro que sustentava as antenas de radar. Para corrigir isso foi adotado um revolucionário “advanced enclosed mast/sensors” (Mastro Avançado com Sensores Cobertos). [http://www.fas.org/man//dod-101/sys/ship/dd-968-aems.gif] Nele, todas as antenas de radar, de rádio e de MAGE (Medidas de Apoio de Guerra Eletrônica) ficam encerradas dentro de um imenso “cone” octogonal construído de fibra de vidro e de espuma estrutural. Este novo modelo mastro foi testado a partir de maio de 1997, com sucesso, primeiro no destróier USS Arthur W. Radford (DD-968). O Radford foi o sexto dos destróieres da classe Spruance a ser completado. [http://en.wikipedia.org/wiki/File:USSArthurWRadfordDD-968.jpg] O grande volume interno do mastro permite que novas antenas sejam facilmente inseridas lá dentro durante as modernizações ao longo da vida do navio. A estrutura do mastro em fibra mede cerca de 30 metros de altura e 12 metros de diâmetro. Ela é rígida e muito mais leve do que o mastro metálico tradicional o que reduz os problemas de peso em locais altos do navio. A superfície em material composto desta estrutura foi especialmente criada para ser transparente às freqüências dos radares no seu interior e ao mesmo tempo restringir a passagem de radiação em outras freqüências. Uma vantagem secundária desta montagem de mastro é operacional, a manutenção regular das antenas agora pode ser feita a qualquer hora do dia independentemente do clima, com total segurança e conforto para os técnicos. O navio abriga três grandes lanchas para pequenas distância, usadas para transportar os Grupo de Visita e Inspeção/ Grupo de Presa (GVI/GP) e também para o transporte de pessoal entre navios do GT. A maior fica dentro de um recesso localizado na lateral direita da superestrutura. Esta cavidade é escondida por detrás de uma imensa porta deslizante que serve para reduzir o retorno radar. Os outros dois barquinhos ficam no “boat valley” uma área do convés superior totalmente cercada pelas paredes externas do navio. O grande guindaste tipo “Knuckleboom” de laterais planas (também projetado para ter características stealth) que exste no “boat valley” pode retirar as lanchas dos seus apoios e as colocar diretamente na água. Aqui, também, é que fica o “fumódromo” do navio. O “boat valley” tem portas laterais que dão acesso à lateral do navio por onde se faz a conexão do “probe” do navio tanque durant6e a faina de reabastecimento. O interior do navio no entanto, é bem diferente do seu moderníssimo exterior. Como disse um dos oficiais brasileiros embarcados, por dentro, devido à manutenção do tradicional padrão de construção naval militar americano, “ele acaba lembrando bastante o interior do CT Pará”, construído no fim da década de 60. O Hangar e o Convõo Grande! O convôo do Mesa Verde é monumental, e curiosamente as suas balaustradas laterais permanecem abertas desde que o navio sai do porto e só sobem novamente para voltar a terra. Quatro SH-60s podem ficar espotados nas laterais sem que um interfira. na operação do outro. Helicópteros maiores como o CH-53 e o CH-46 podem apenas operar dois de cada vez. Durante o exercício diversos helicópteros estrangeiros visitaram o Mesa Verde, do Super Lynx da Fragata Constituição ao Super Puma chileno, passando pelo Pantera do Navio Patrulha mexicano Oaxaca. Mas o maior helicóptero visitante foi um CH-46 Sea Knight que estava baseado no USS Oak Hill. Uma "Mega-Doca" No interior do Mesa Verde, a ré, fica a grande doca para a recepção dos LCACs. Um fica atrás do outro, sendo que os veículos para serem carregados no de atrás tem que necessariamente passar por dentro do que está estacionado adiante. Ligado por rampas à doca existem três conveses estacionamento para veículos ou para containers padrão de 20 e 40 pés. O convés de veículos central tem duas amplas portas laterais, com rampas dobráveis, para a entrada direta de veículos do cais. O convôo do navio também pode ser usado para transporte de containeres e veículos, para isso existe uma rampa que liga a lateral esquerda do hangar com o convés de veículos. Na lateral desta rampa, e, igualmente, ao fundo do hangar de veículos, existem grandes ventiladores/exaustores que extraem a fumaça das turbinas dos LCACs para não correr o risco de se intoxicar a tropa e os operadores da doca. LPDs stealth por todo o mundo? Mas os “modernos” Classe San Antonio não estão sozinho no “mercado stealth” global. O estaleiro holandês Royal Schelde lançou seu design Enforcer ainda na década de 90, um projeto avançado que gerou os dois LSDs holandeses da Classe Rotterdam, os dois navios espanhóis da Classe Galícia e os quatro “Bay-Class” britânicos. Em 2006, do outro lado do mundo, foi lançado ao mar no estaleiro chinês Hudong-Zhonghua Shipyard um novo modelo de navio anfíbio, também com design stealth, o chamado “Tipo 071”. Com deslocamento estimado entre 12.000 e 20.000 toneladas, no entanto, o 071 se aproxima mais dos LSDs da Classe Austin americana do que, propriamente, dos LPD-17. É certo que de aqui em diante mais classes serão projetadas com o característico, e espartano, exterior stealth, é só aguardar. Curiosamente, logo depois do exercício um grupo de oficiais da Marinha do Brasil visitou o fabricante Northrop Grumman Ship Systems para conhecer o modelo com vias a determinar se ele atende às necessidades futuras da MB. O Comandante do USS Mesa Verde fala do seu navio O CDR Larry LaBree é o primeiro comandante do USS Mesa Verde, para ele: “Esta classe, comparada com as anteriores, exibe uma grande expansão no espaço e nos sistemas dedicados a Comando e Controle. O projeto do navio foi otimizado para facilitar a movimentação de Marines, containers e veículos do porto para o navio e do navio para a zona de desembarque, por todos os meios possíveis” ele complementa: “O espaço de ‘garagem’ para veículos que este navio tem equivale ao dos grandes navios anfíbios da classe Iwo Jima. O Mesa Verde tem excelentes meios hospitalares, é projetado para a realização de operações humanitárias e em cima disso tudo, tem uma propulsão muito econômica. Com os tanques cheios o navio pode navegar 58 dias sem ter que parar para reabastecer ou fazer Transferência de Óleo no Mar – TOM. Ao longo de todos os dias de mar da operação Unitas Gold nossos tanques de combustível nunca esvaziaram além de 20% de sua capacidade total, o que demonstra a independência desta classe em relação aos navios tanques usados como meios de apoio”. Ele contou que nove destes navios já estavam encomendados, sendo o Mesa Verde o quarto da classe a ser construído. O próximo, o USS New York, deve ser comissionado muito em breve. “O navio recebeu este nome em função da comemoração do 50° aniversário a criação do Parque Nacional Mesa Verde no Estado do Colorado”, logo atrás do passadiço existe um mini-museu celebrando a riqueza da cultura étnica indígena e natural preservada neste parque. No quesito conforto da tripulação, ele ressaltou as seguintes melhorias presentes na nova classe: “As nossas camas são cerca de 30% maiores do que as das classes anteriores, o sistema de ar condicionado é bem mais robusto, sendo mais bem adaptado às altas temperaturas características do Golfo Pérsico”. E com um sorriso ele termina a lista com: “Aqui, a comida é muito boa!”.
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Last Updated on Wednesday, 19 August 2009 10:08 |