Paris Airshow 2011: Rafale contra Eurofighter! |
![]() |
![]() |
![]() |
Written by Felipe Salles |
Saturday, 13 August 2011 02:23 |
Aqueles "visionários" que decretaram a iminente morte dos Salões Aéreos de Paris e de Farnborough há apenas alguns anos, devem ter ficado sem palavras em 2011. No ano de seu 102o aniversário era improvável que o mais otimista de seus apoiadores pudesse sequer imaginar que o salão pudesse demonstrar tamanha vitalidade. E em todos os segmentos! ALIDE foi a Paris para entender o que tinha mudado e quais eram as tendências que dominariam as conversas nos próximos anos. Obviamente não daria para fazermos um Raio-X completo do salão com apenas um correspondente, mas as nossas centenas de fotos levarão vocês o mais perto possível deste espetáculo, acompanhe-nos! Não deixe de ler também as duas entrevistas especiais de ALIDE falando das novidades da Embraer e da Thales no Paris Air Show 2011. Um grande evento O Paris Air Show é a maior e mais antiga exposição aeronáutica do mundo tendo sido realizada pela primeira vez no ano de 1909. Atualmente ela é realizada de dois em dois anos no Aeroporto Le Bourget no norte de Paris, França. A edição de 2011 foi a de número 49. A exposição é principalmente um evento comercial, o seu principal objetivo é fazer a demonstração de aeronaves civis e militares para os potenciais clientes. Ela é amplamente considerada a exposição de aeronaves de maior prestígio do mundo, tradicionalmente, contratos de vendas de grandes empresas aéreas são anunciados por elas mesmas durante o evento. A edição de 2011 foi uma das maiores e melhores ja vistas, atraindo mais de 2.100 expositores internacionais, entre eles, a grande novidade do ano, foi a presença pela primeira vez de uma empresa chinesa, a COMAC. De acordo a opinião de vários analistas da indústria, o novo C919 desta empresa em breve deve se tornar um grande concorrente dos aviões menores da Airbus e da Boeing. Curiosamente, logo no início da exposição foi anunciado que quem está servindo como maior "garantidor", e potencial primeiro cliente ocidental, para este importante programa chinês é justamente o dono da gigante empresa aérea low-fare irlandesa, Ryanair, que acena com a potencial colocação de um pedido inicial de centenas dos novos aviões. Outro avião em desenvolvimento que não perde nenhuma das grandes feiras é o russo Sukhoi SuperJet 100. Ele junto o modelo maior MS-21 da empresa Irkut, são as maiores apostas russas para tentar reconstruir do zero a indústria de aviões comerciais que foi dizimada com o colapso da União Soviética. Os números da edição de 2011 não foram nada modestos, foram mais de 2.100 expositores em 28 pavilhões internacionais, 290 delegações oficiais de 100 países, com cerca de 150 aeronaves em exposição estática e 45 em exibição de vôo. A feira também contou com a presença de 145.000 visitantes comerciais, 200.00 visitantes públicos e 3.176 jornalistas. Muitas estréias O ano de 2011 também marcou a estréia do novo 787 Dreamliner e também dos novos modelos do 747, os "traço 8", na Europa, tanto em seu modelo de passageiros quanto no cargueiro. Infelizmente na última hora os paquistaneses resolveram não mandar a Paris o seu novo caça leve JF-17 Thunder construído em parceria com a indústria chinesa. No mundo dos helicópteros os holofotes estavam sobre o inusitado Eurocopter X-3 com dois motores e hélices montadas lateralmente como forma de se obter a máxima velocidade possível. O X-3 é a resposta européia ao desafio representado pelo demonstrador de tecnologia X2 apresentado pela Sikorsky há alguns meses. Também foi apresentado o helicóptero civil de 8 toneladas focado no mercado SAR e de apoio a plataformas de petróleo Agusta Westland AW189. O novo modelo é um bimotor que transporta entre 16 e 18 passageiros tem um cockpit digital moderníssimo e tem uma série de modernizações para aumentar a segurança dos passageiros em suas operações sobre o mar e outros ambientes inclementes. Nossa última cobertura de um grande show aeronáutico ocorreu em 2008 (http://www.alide.com.br/joomla/component/content/article/74-ed38/220-farn08) e alí já dava pra se perceber, por todo canto, o impacto da crise global que restringia os investimentos tanto na área comercial como no mundo da defesa e da aviação de negócios. Paris 2011 foi o exato inverso daquele quadro. Durante as 103 semanas existentes entre cada Air Show de Le Bourget aquele aeródromo se ocupa primariamente de receber o trafego aéreo executivo da Cidade Luz. E também fica ali o maior museu aeroespacial da França, o Musée de l`Air. Mesmo nesta sua Semana de Gala, a coleção externa do Museu ocupa seu espaço. A coleção de grandes aviões normalmente fica disposta logo do lado de fora das alas cobertas, mas nesta semana alguns destes aviões históricos, para abrir espaço para osb modelos da esposição estática, são colocados em outros pátios, como aquele existente do outro lado da pista de pouso. Ironicamente foi ali onde ficou, ao lado do imaculado 707 particular do ator John Travolta, e de um Caravelle, o veterano KC-137 "2401" que trouxe até aqui a comitiva da FAB. A presença destes aviões clássicos na feira, de forma impecável, salienta os grandes saltos que a tecnologia aeronáutica deu nas últimas décadas. A semana do evento realizado entre 20 a 26 de junho se iniciou chuvosa e escura, mas a cada novo dia a cidade mostrava mais e mais sol e céu azul. Não poderia haver assim melhor metáfora para o que ocorria dentro dos chalés e pavilhões em Le Bourget. O confronto da década: Rafale contra Eurofighter No segmento de aeronaves militares as duas estrelas foram inegavelmente o Dassault Rafale e o anglo-ítalo-teuto-espanhol Eurofighter. Ambos os projetos se exibiam no Salão turbinados por dois eventos independentes mas muito significativos: a seleção para a finalíssima no gigantesca concorrência MMRCA da Força Aérea da Índia para 126 caças médios multimissão, e o seu debut operacional em guerra, ambos os modelos eram a ponta de lança das Forças Aéreas ocidentais no conflito iniciado contra o Kadhafi na Líbia. Os demais concorrentes do MMRCA ainda estavam lambendo as feridas decorrentes da desclassificação, especialmente os dois modelos americanos, Lockheed F-16 e Boeing F-18, que tinham como certa suas chances naquela concorrência. O Eurofighter EF2000 Diferentemente do Rafale que ainda luta por um cliente de exportação, o programa europeu,alé das unidades vendidas para os quatro membros já conseguiu exportá-los para a Austria e para a Arábia Saudita de onde recebeu um pedido para 72 aeronaves deste tipo. Para Marco Valério Bonelli da área de comunicação da Eurofighter, a pré-seleção na concorrência indiana não é a única boa notícia para se contar por aqui. A Eurofighter já entregou 280 aviões, número quase igual ao total de encomendas atuais do rival francês, contou com um sorriso. A produção do Eurofighter é dividida em lotes chamados de "tranches". Cento e quarenta e oito aviões formam o primeiro tranche, 236 o segundo e metade do terceiro (o chamado "tranche 3a") envolve 112 aeronaves. Fora estes todos, tem ainda o pedido firme saudita e os 15 entregues aos austríacos. A próxima autorização deve ser da tranche 3b com mais 124 aviôes. A frota deste avião cruzou o número de 10000 horas em janeiro passado e logo em seguida estreiou no combate na Líbia. Ainda neste ano, o EF2000 concluiu a primeira fase de testes do míssil Meteor e foi assinada uma carta de intenções para a integração de um novo radar com antena de varredura for feixe eletrônico AESA com previsão para entrar em serviço em 2015. Para Marco Valério "a combinação do míssil Meteor com o novo radar AESA dará ao EF2000 uma capacidade de combate similar ao do caça stealth americano F-22 Raptor". Na Líbia, Eurofighters britânicos e italianos se encontram em plena operação, com os últimos se focando primariamente na defesa de alvos de maior valor, como aviões de reabastecimento e os AWACS. Na data da entrevista, os britânicos já tinham acumulado umas 1500 horas de vôo naquela campanha, enquanto os italianos que iniciaram suas atividades naquela operação apenas depois deles já tocavam na marca das 1000 horas. Em termos de perspectivas futuras o time de vendas do Eurofighter coloca suas fichas na concorrência japonesa que deve ser anunciada segundo eles esperam até o fim deste ano. Outra possibilidade identificada é a Força Aérea do Qatar e também Malásia e Bulgária que devem abrir suas próprias concorrências. Marco Valério contou que a interferência americana na área operacional é um problema sério para as forças aéreas e pode ser perfeitamente percebida na não "liberação" dos Lockheed F-16C Block 50 turcos para que tomassem parte de exercícios bilaterais com a Força Aérea Chinesa. Só por causa disso, a Força Aérea Turca foi obrigada a empregar apenas os velhinhos F-16 Block 15 e os F-4E modernizados. Em paralelo a Turquia segue adiante com seu programa de caças próprios, e a Eurofighter gostaria muito de ser selecionada como o parceiro tecnológico nele. Marco Valério demonstra a confiança da empresa ao declarar que "o Eurofighter EF2000 é o melhor caça multimissão do mundo". Dassault Rafale Depois de meses de virtual silêncio rompido apenas por sua participação na LAAD os franceses da Dassault montaram um tour guiado do chalé para jornalistas brasileiros dedicado ao avião na área de exibição estática. Bem ao lado de um modelo em escala real do avião não-tripulado de combate nEUROn duas unidades do Rafale, um da Marinha e outro da Força Aérea Francesa foram exibidos aos visitantes. colocados assim um ao lado do outro dá pra notar as suas diferenças e peculiaridades. O Modelo "M", o Rafale de emprego naval, tem um trem de pouso principal claramente mais curto e mais robusto que seu primo terrestre. Associado a um trem de pouso dianteiro igualmente reforçado e também alongado, o "M", mesmo parado no solo, apresenta uma postura muito mais "cabrada", com o nariz apontando para o céu, do que a versão terrestre. Esta característica aumenta a força aerodinâmica para cima durante a curta decolagem assistida pela catapulta do navio-aeródromo. Além disso, as diferenças se resumem ao gancho de parada e à estrutura reforçada do modelo marinizado e aos armamentos característicos de cada versão, como o Exocet AM-39, por exemplo, que é exclusivo da versão naval. O Rafale M é atualmente a única aeronave européia especificamente criada para operar em porta-aviões, apresentando uma enorme comunalidade com a sua versão de emprego desde terra, os Rafale C/B. Dentro do stand havia um completo simulador digital de missão com telão para explicar aos jornalistas como os avançados sistemas do seu avião simplificam a missão do piloto dentro da cabine. O Rafale recebe de forma automática informações sobre alvos identificados por outras aeronaves como outros caças, UAVs ou mesmo aeronaves de alerta antecipado, os chamados "AWACS". Segundo os especialistas da empresa francesa, neste caso o importante é a perfeita integração dos diversos sensores utilizados de forma que não sejam criados "alvos fantasmas" múltiplos, fruto da falta de uma adequada sincronização dos sensores. Um apresentador guiou passo a passo narrando esta "missão" para a platéia, mudando arbitrariamente a situação do cenário e permitindo que o piloto, no mesmo momento, reconfigurasse sua aeronave para reagir às mudanças no cenário. O caça francês emprega um sistema de navegação altamente automatizado cuja programação pode ser alterada com grande facilidade pelo piloto acomodando quaisquer novas informações que lhe chegue, em tempo real, durante o decorrer da missão. A atual experiência da Força Aérea e da Marinha Francesas nos céus da Líbia revelou que o modelo F3, versão que se encontra atualmente em uso, logrou realizar, perfeitamente, tanto missões antiaéreas, quanto ar-solo e de reconhecimento, com igual sucesso. O patamar de software do F3 permite que o Rafale atue tanto como designador dos alvos usando o casulo Dámocles, quanto como o lançador do armamento, dispensando a participação de outros modelos de aeronaves. Exemplo desta flexibilidade ampliada foi a destruição no solo de um treinador a jato líbio. Devido ao atraso na autorização de abate, acabou sendo destruído não por um míssil ar-ar, mas por uma munição guiada ar-solo do tipo AASM. Das 7000 surtidas lançadas até aqui pela OTAN contra as forças de Kadhafi, cerca de 10% delas foram realizadas pelos Rafales, metade das quais ocorrendo durante o período da noite. Ambos os aviões exibidos traziam mísseis de curto-médio alcance nas pontas das asas, tanto na versão de guiagem infra-vermelha quanto na guiagem por radar. Foram mostrados, ainda, bombas guiadas por laser GBU-12, o míssil ramjet Meteor, o pod de designação de alvos Dámocles, os mísseis ar-terra Brimstone, e, montados em um lançador múltiplo AUF-2, os mísseis ar-terra guiados por INS/GPS SAGEM AASM (Armement Air Sol Modulaire), agora conhecidos comercialmente como "Hammer". O AASM foi desenvolvido para ser usado contra carros blindados a uma distância de até 67km (se disparado obliquamente desde 20000 pés) ou a 50km de disparado em linha reta. Um lançador de foguetes não guiados LR68 e casulos externos de canhões representavam o lado "leve" do armamento, enquanto o míssil de cruzeiro Storm Shadow/SCALP simbolizava exatamente o outro extremo do arsenal do Rafale. Jean-Marc Merialdo, diretor da Dassault Internacional no Brasil, contou aos jornalistas brasileiros que o avião francês na operação na Líbia já havia voado mais de 3500 horas voadas. Trezentas das surtidas tinham sido feitas levando o novo casulo de reconhecimento Reco NG e entre 150 e 200 delas levavam as bombas guiadas a laser e as bombas propulsadas a foguete da SAGEM. Em junho, alguns dos Rafales naquela operação chegaram a voar 140 horas. O armamento AASM é uma arma desenvolvida para ser usada contra tanques que acerta alvos a 67km de distância (se disparado obliquamente desde 20000 pés). Merialdo contou ainda que na Líbia os Rafales franceses alcançaram uma disponibilidade de 95%. Foram disparados pelos Rafales, de 19 de março até o dia da entrevista, 200 mísseis AASM, 150 bombas guiadas a laser e dez mísseis de cruzeiro SCALP. Os Rafales foram os primeiros aviões a entrar na Líbia, onda de Exclusão Aérea. Inicialmente os Rafales da Força Aérea Francesa partiam da Base Aérea de Saint Dizier (BA113) [GE: 48°37'54.79"N 4°53'55.92"L], e só posteriormente eles se mudaram para uma base de apoio - de desdobramento na terminologia da FAB – de Solenzara (BA126) na Córsega [GE: 41°55'3.48"N 9°25'10.76"L]. Perguntado se os Rafales operando na Líbia já estavam designando seus próprios alvos, Merialdo explicou que no desdobramento para o Afeganistão a Armée de l’Àir mandou os Rafale F.2 que não tinham ainda esta capacidade, mas que, agora na Líbia, os F3 já podem fazer ambos os papeis, tanto o de "Killer" (designador do alvo) quanto de "Shooter" (disparador do armamento). Merialdo contou ainda que em 2012 deverá ser entregue o primeiro Rafale "F304" um F3 equipado com o radar AESA, o próximo passo na evolução desta família. Perguntado sobre o status so degrau seguinte o "F4", Meriado explicou que este programa todavia ainda não foi iniciado e que por enquanto só se fala com clientes sobre os modelos "F3" e "F304". No Brasil o Rafale disputa contra o americano F-18E/F e com o sueco Gripen NG uma encomenda inicial de 36 aviões para a FAB. O Rafale que se exibiu nos céus de Paris este ano envergava uma vistosa pintura em tons de cinza comemorativa das 30.000 horas de voo da frota de Rafales franceses. A frota de Rafales total naquele momento era de 66 aviões da Armée de l’Air (Força Aérea Francesa) e outros 32 da Marinha francesa. "Concept Visions" da MBDA propõe pensar em substituto para o Exocet Repetindo um padrão cada dia mais comum entre as empresas francesas de defesa, a MBDA aproveitou a feira de Le Bourget para apresentar suas idéias mais avançadas e conceituais para a substituição futura de um sistema icônico, o míssil anti navio Exocet, imortalizado por seu sucesso operacional na Guerra das Malvinas em 1982. Não se trata de um novo programa, com metas e especificações emitidas pelas forças armadas de um dos países sede da MBDA (Reino Unido, França, e Alemanha), mesmo as idéias apontam para uma solução que somente estaria viável daqui a 20 anos. A maquete é vermelha, como carro de bombeiro, e se chama Perseus, sendo difícil não notá-lo em meio de vários mísseis normais exibidos no stand na sua cor normal branco ou cinza. Este é o segundo exercício "Concept Vision" da MBDA, o primeiro apresentado em Farnborough 2010 envolveu uma família de "mísseis urbanos" ultraleves integrado a redes de dados um dos quais (o de 1kg) seria capaz de aposentar o fuzil de 30mm de alta precisão dos atiradores de elite (os “snipers”). O impacto do míssil seria completamente distinto, causando um dano no inimigo muito superior que qualquer projétil de 30mm já o míssil maior, com 5 Kg, poderia ser letal contra qualquer alvo que não tenha a blidagem de um Carro de Combate principal. O sistema seria ultra preciso, com alcance de 2-4 km, transportável pelo próprio militar e causando um mínimo dano colateral. Este ano o objeto do estudo é um míssil antinavio e para ataque contra alvos em terra de longo alcance com reconhecimento automático do alvo e que possa virar o novo míssil naval padrão das marinhas da França e o Reino Unido. O conceito chamado de Perseus CVS 401 mede cinco metros de comprimento, tem uma estrutura em material composto e pesa apenas 800 kg no total. Sua velocidade de aproximação seria Mach 3 em altitude, e opcionalmente Mach 2+ no nível do mar. O seu alcance seria de 300 km e ele teria a capacidade de realizar um mergulho direto no trecho final do ataque para atrapalhar os sistemas de defesa de ponto dos navios alvo. Ele seria muito mais flexível permitindo diversas trajetórias de ataque e não apenas o previsível perfil de voo rente ao mar. A soma de uma fuselagem desenhada levando em conta os princípios stealth e a alta velocidade farão este um alvo bem difícil de ser atingido pelos defensores. Para achar e reconhecer o seu alvo o míssil conta com um radar de abertura sintética (SAR) AESA combinado com um sensor LADAR (Laser Radar) este grau de inteligência permitirá a redução do risco de danos colaterais.
Para acomodar seus diferentes cabeças de combate (os explosivos) o míssil apresentará um compartimento especial (o "payload bay") que poderá ejetar antes do impacto outro módulo explosivo/penetrante que aumentará dramaticamente o dano no alvo. A idéia é que este míssil possa ser disparado indistintamente de um navio equipado com lançador vertical americano Mk.41, ou europeu Sylver A70. A sua propulsão seria um motor ramjet complementado por um foguete booster de dois estágios. A sua integração com as redes de comunicação serão feitas via satélite, viabilizando o ataque além da linha do horizonte. Isso permite a atualização da posição do alvo durante o voo do míssil. O mercado potencial de ser atendido é extenso abrangendo toda a base instalada existente dos sistemas de mísseis ocidentais Exocet, Harpoon, RBS-15 e Otomat/Teseo. Para que o novo sistema esteja pronto para entrar em serviço em 2030 o seu desenvolvimento deve ser iniciado no mais tardar até 2020. O Perseus poderá ser disparado de navios maiores No entanto, para permitir seu emprego também desde o compartimento interno do caça Lockheed F-35 será necessário construir uma outra versão menor. O que já se tem certeza é que o design inicial apresentado parece ser bastante razoável para alcançar as metas ambicionadas. Perguntado de o design com uma única entrada de ar não seria vulnerável ao apagamento do motor ramjet durante as manobras mais bruscas o especialista da MBDA disse que esse tipo de risco se resolve com o uso de um sistema de controle de voo avançado. Gripen NG: devagar mas sempre adiante Ainda recobrando do impacto de sua desclassificação na megaconcorrência indiana, os suecos acharam por bem trazer o único protótipo do Gripen NG a Paris. Mas como todo mundo sabe que os primeiros dias das feiras são os realmente importantes, no fim da quarta-feira o avião já decolaria de volta para casa. ALIDE falou com o Gerente de imprensa da Gripen, Lasse Jansson, pra saber como anda o desenvolvimento do Gripen NG e suas perspectivas comerciais para o futuro. "O programa de testes continua em andamento. No dia 19 de maio último o Gripen Demo voltou a voar, agora com seus novos painel digital e aviônicos. Estes equipamentos que já tinham sido testados anteriormente à exaustão em terra, foram instalados na cabine traseira do Gripen Demo com equipamentos originais mantidos na dianteira. Até agora, já ocorreram mais de 200 voos, vinte dois quais com os novos sistemas eletrônicos embarcados. O Demo passou assim a dispor de dois sistemas de aviônicos totalmente independentes. Sobre as lições aprendidas nas operações na costa da Líbia, Lasse Jansson contou que por lá a missão de reconhecimento é uma missão das mais importantes, que os suecos estão realizando muito mais reabastecimentos em voo do que o que estão habituados na Suécia, e que estão aprendendo o que é operar desde bases aéreas estrangeiras. Perguntado sobre como correram os testes da concorrência MMRCA da Índia, Jansson disse que os testes correram muito bem para a Saab, o Gripen Demo se comportou muito bem nos testes em altitude e também na base aérea com alta temperatura. O Gripen Demo operou no aeródromo de Leh [GE: 34° 8'3.24"N 77°33'5.07"L], a mais de 3000 metros de altitude por dois períodos dentro das três semanas que o avião passou na Índia. Os avaliadores indianos tiram importantes pontos da proposta sueca devido ao seu radar AESA Raven ES-05 que embora "tenha tido um desempenho operacional melhor do que o radar planejado para o Eurofighter em 2015 ainda gerou duvidas por não estar com o financiamento do seu desenvolvimento totalmente garantido. Este período do Gripen Demo na Índia não atrapalhou o andamento do programa de testes, inclusive ele foi útil para reforçar diante dos indianos a determinação sueca de oferecer um verdadeiro pacote de transferência de tecnologia (ToT). Durante o andamento desta concorrência a Saab abriu naquele país, exatamente como fez no Brasil, um centro de pesquisa e desenvolvimento. Voltando ao tema armamento, Jansson contou que a certificação do A-Darter no Gripen C é um tema da Força Aérea sulafricana, inclusive um dos aviões biplaces daquela força aérea foi completamente instrumentado para realizar estes testes adequadamente. No campo de testes de Vidsel, no norte da Suécia [GE: 65°52'34.21"N 20° 8'57.38"L], foi empregado um Gripen D para validar o lançamento das novas Small Diameter Bomb (SDB) pelo caça. Falando sobre o escritório montado no Reino Unido para desenvolver o Sea Gripen o executivo contou que essa atividade deve seguir até o ponto da decisão de "construção" do novo modelo, que deve ocorrer dentro de um prazo de dois anos após seu início. A linha de produção do Gripen está garantida até meados de 2015 apenas atendendo os pedidos atuais da Suécia, Tailândia e África do Sul. Sobre a conversão de Gripen A/B para Gripen C/D, Lasse explicou que isso se limitou a um lote de 31 C/Ds suecos que foram construídos usando componentes retirados de 31 A/Bs retirados de serviço. Perguntado sobre a procedência das células dos caças vendidos à Tailândia, Lasse Jansson confirmou que estes Gripen C/D eram 100% novos e não apenas células de A/B modernizadas, e que seis deles ja tinham sido entregues ao cliente até a data. Um segundo lote de mais seis aviões foi encomendado e ainda existe uma oportunidade para a encomenda de um terceiro lote para o país asiático. Como outras perspectivas de vendas futuras, a Gripen identifica o RFI recém-emitido pela Bulgária, um negócio governo-a-governo que já foi respondido pelos suecos. Os suíços resolveram retomar a concorrência, que originalmente visava substituir os seus F-5E/F e agora visa uma solução menos pontual, com os suecos disputando o contrato contra o Rafale e o Eurofighter. Neste país a decisão se vai ser ofertado o NG ou o C/D só será tomada assim que os suíços identifiquem o seu prazo esperado para entrega dos novos aviões. Além disso, ainda existe demanda clara na Croácia e a Romênia, que acabou não comprando os F-16, como anunciado originalmente na imprensa. Do outro lado da Europa, Holanda e Dinamarca ainda não consolidaram sua opção final pelo F-35. No mundo dos aviões de alerta antecipado a Saab vendeu três células de Saab 340 com o radar Erieye para os Emirados Árabes Unidos, dois S-100B Argus de segunda mão (ex-Força Aérea Sueca) para a Tailândia mais algumas unidades baseadas no Saab 2000 para um cliente não identificado. Outra janela de oportunidade sendo explorada agora é a conversão destes turboélices em aeronave de patrulha marítima, sendo que não existe risco de se ficar sem células porque o braço de leasing da Saab é o proprietário de mais de 100 células de SF-340/S-2000, muitos deles ainda em serviço comercial pelo mundo. Uma contínua evolução no perfil da Feira Tanto Le Bourget como Farnborough nasceram inicialmente para serem "vitrines" da capacidade tecnológica aeronáutica de seus respectivos países. No entanto, com o passar dos anos mais e mais empresas estrangeiras se viram atraídas a se fazer presentes ali especialmente pela atraente concentração de clientes em potencial que, por seu lado, naturalmente, aprovaram o crescimento seguido do número de expositores. Mais recentemente outra transformação tem se dado, a chegada a cada edição de mais fabricantes de motores, sistemas, componentes, subestruturas e variados prestadores de serviços. Desde a década de 80 as grandes empresas construtoras começaram a subcontatar grandes módulos de terceiros. Por último, começaram a dar as caras os stands regionais e subnacionais, locais onde orgãos patronais ou de fomento industrial de cidades e regiões passaram a apoiar a vinda de seus industriais buscando expandir a geração de empregos e de impostos. O "Chalé" muda de função Curiosamente, os chalés que historicamente eram espaços "privés", dispostos de frente para a pista onde empresa e clientes podiam conversar com a devida discrição acabaram se expandindo e até mesmo substituindo os tradicionais stands dos pavilhões. A Embraer entre tantas optou por esta estratégia. Outras novidades desta feira Por seu foco primariamente militar as matérias da ALIDE nunca deram muita atenção aos jatos executivos, a não ser que estes sejam jatos VIP/VVIP dos presidentes ou coisa do gênero. O terceiro protótipo do cargueiro militar Airbus Military A400M representou este que é um dos maiores programa programas industriais militares da Europa na feira. Nas palavras de Jaime Peres-Guerra, VP de comunicações do grupo, o período de testes está chegando ao fim e em breve se iniciará a fase da produção seriada. O primeiro avião de série será entregue no final do ano ou início de 2013 à Força Aérea Francesa onde ele operará primariamente como uma plataforma de testes para preparar a força para usar bem o novo modelo. O nome “grizzly” (tipo de urso marrom norte-americano) foi usado informalmente como callsign pelas tripulações do programa de testes da Airbus Military, e não deve virar o nome oficial/comercial do cargueiro europeu. Na parte dedicada à aviação comercial um tema sempre presente nas últimas feiras e aqui também era a responsabilidade ecológica da indústria do transporte aéreo. Novos motores sempre apresentando marcantes reduções tanto no consumo, quanto na sua emissão de gases estufa e de poluentes. |
Last Updated on Thursday, 25 August 2011 10:47 |